Uma pesquisa feita com agentes de segurança de todo o país
mostra que 77% dos policiais são a favor da desmilitarização da instituição. A
pesquisa aponta ainda que quase metade dos 21 mil policiais e agentes de
segurança que responderam o questionário ainda é a favor da pena morte,
enquanto 43% da corporação acredita que o policial que mata criminoso seja
inocentado pela Justiça e ainda receba premiação pelo ato.
Ainda de acordo com a pesquisa, 53,4% discordam
que os policiais militares sejam julgados pela Justiça Militar. Para 80,1% dos
policiais, há muito rigor em questões internas e pouco rigor em assuntos que
afetam a segurança pública. Os policiais também responderam questões ligadas às
condições de trabalho. Do total dos entrevistados, 34,4% dizem que pretendem
sair da corporação assim que conseguir outra oportunidade de trabalho; 38%
teriam escolhido outra carreira; enquanto 55% planejam se aposentar onde trabalham
atualmente.
Sobre as dificuldades no ambiente de trabalho,
os policiais destacam contingente policial insuficiente, falta de uma política
de segurança pública e formação e treinamento insuficientes, sendo que para
80%, os salários estão abaixo do que acreditam ser o ideal.
Ainda conforme a pesquisa, 59,6% disseram já
terem sido humilhados por superiores hierárquicos, 40,9% já tiveram seus
direitos trabalhistas desrespeitados e 33,3% afirmaram ter sido acusados
injustamente por um crime. Entre os ouvidos da Polícia Militar, 38,8% dizem ter
sido vítima de tortura em treinamento ou fora dele, percentual que é de 41,3%
entre os representantes do Corpo de Bombeiros.
A pesquisa foi realizada e coordenada pelo
Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas (CPJA), pertencente à Escola de Direito
da Fundação Getúlio Vargas – em parceria com a Secretaria Nacional da Segurança
Pública. O estudo foi realizado com policiais militares, civis, federais,
rodoviários federais, bombeiros e peritos criminais de todos os estados.
Do total de entrevistados, 52,9% são membros da
Polícia Militar, 22% da Polícia Civil, 10,4% da Polícia Federal, 8,4% do Corpo
de Bombeiros, 4,1% da Polícia Rodoviária Federal e 2,3% da Polícia Científica.
O relatório com as perguntas utilizadas pela pesquisa foi enviado para
463.790 policiais, dos quais 21.101 responderam voluntariamente. Os
profissionais foram ouvidos entre os dias 30 de junho e 18 de julho. A
divulgação da pesquisa aconteceu ontem, durante o 8º Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP), em São Paulo. (Do Correio)