Muito
está se falando sobre a recente pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública com a opinião dos policiais brasileiros sobre vários temas,
mas ainda não vi comentários sobre um dado importante, que reflete bem como a
atual política de drogas está na mão errada: segundo a pesquisa, 86,6% dos
policiais brasileiros entendem que há uma “Ênfase desproporcional das políticas
de segurança na repressão ao tráfico de drogas”. Número expressivo e digno de
análise.
Isso
não indica qualquer tipo de “benevolência” ou “conivência” com a atividade
do tráfico de drogas – como querem afirmar os confusos defensores da atual
política. Na verdade, os números dizem o que se constata com pouco esforço: os
policiais brasileiros estão “enxugando gelo” em relação ao objetivo de evitar a
comercialização e consumo de drogas. É nítido que a extensão econômica do
tráfico, que conta com centenas de milhares de clientes em todo o país,
inviabiliza qualquer poder dissuasório da atividade (inclusive o bélico).
Mesmo
entre os policiais que se abstém de opinar sobre políticas alternativas ao
atual modelo é quase consensual que o que temos não está funcionando,
trazendo danos principalmente aos policiais que estão com os coturnos na rua
e/ou à parcela da população economicamente menos favorecida.
Essa
discussão diz menos respeito ao hedonismo de quem quer ter o prazer de usar
qualquer tipo de droga (embora entenda que esse seja um direito legítimo a se
reivindicar, já que é permitido o uso de álcool e tabaco) e mais sobre a morte
em série das classes inferiores da sociedade, policiais incluídos. Ao que
parece, há larga janela para discutir o tema com os policiais brasileiros.
Fonte: http://abordagempolicial.com/