terça-feira, 12 de março de 2013

Corpo de Marcos Matsunaga é exumado para nova perícia


Corpo do empresário foi exumado na manhã desta terça (12) (Foto: Nathália Duarte/G1)
O corpo do empresário Marcos Kitano Matsunaga foi exumado na manhã desta terça-feira (12), no Cemitério São Paulo, na Zona Oeste da capital paulista. O procedimento foi autorizado pela Justiça de São Paulo após um pedido da defesa de Elize Matsunaga, que está presa preventivamente desde que confessou ter assassinado o marido em maio de 2012. A nova perícia ocorre nove meses após o sepultamento de Matsunaga.
Marcos Matsunaga foi morto e esquartejado no dia 19 de maio de 2012, aos 42 anos. Ele era sócio da empresa alimentícia Yoki. Elize, atualmente com 31 anos, está presa na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. A filha do casal, de 1 ano, está sob a guarda dos avós paternos. Desde que foi presa a ré não pôde ver a criança.De acordo com delegado Rui Karan, que acompanhou a exumação, o corpo de Marcos deve ficar por 15 dias no Instituto Médico Legal (IML). Após a análise, um novo laudo deverá ser emitido para que o juiz determine quais as qualificadoras do crime. Segundo o delegado, a nova perícia pretende determinar o momento da morte do empresário do ramo alimentício. "Serão feitos exames para saber se ele [Marcos Matsunaga] estava vivo ou não na hora do corte", afirmou.
O promotor do caso, José Carlos Cosenzo, acompanhou a exumação nesta manhã e afirmou discordar do procedimento. "No aspecto jurídico, eu acho um absurdo. Até porque não há contradição entre o que disse o médico e o laudo. Não haveria necessidade [da exumação] porque são três qualificadoras. Ainda que - o que não acredito - uma das qualificadoras possa ser derrubada, há outras duas. A defesa está buscando sustentar a possibilidade de afastar o meio cruel", disse.
A promotoria espera que Elize seja condenada a 30 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (vingança movida por dinheiro), utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel (esquartejamento). Os defensores da bacharel em direito, no entanto, alegam haver dúvidas nos laudos se Marcos teria morrido instantaneamente em razão do tiro disparado pela mulher na cabeça dele ou se ainda estaria vivo após o disparo no momento em que era esquartejado por ela.
Questionado sobre a decisão da Justiça de permitir a exumação, o promotor Cosenzo defendeu que todos os questionamentos fossem respondidos, em favor dos jurados. "O que o juiz fez, e eu fui a favor, foi, em caso de qualquer dúvida, espancá-la para que os jurados possam definitivamente resolver a questão. O juiz não acolheu os interesses da defesa e sim da sociedade, que serão os jurados."
Exumação
O juiz Adilson Paukoski Simoni autorizou a exumação em janeiro. Somente após os laudos da exumação é que o magistrado decidirá se Elize, que já é ré no processo, será submetida a júri popular pelo crime.

Em junho do ano passado, laudo do IML, e que fez parte do inquérito da Polícia Civil, apontava que Marcos foi decapitado quando ainda estava vivo. Na ocasião, a defesa de Elize contestou os testes.
Elize
Em 30 de janeiro deste ano, durante a audiência de instrução do caso Matsunaga no Fórum da Barra Funda, Elize foi interrogada pelo juiz. Ela contou que atirou em Marcos sem fazer mira, e que cortou o corpo do marido somente após constatar que ele não estava mais respirando. Cópia das declarações dela à Justiça foram obtidas peloG1. Segundo a acusada, ela atirou em Marcos sem a intenção de matá-lo. “Se quisesse matar Marcos daria mais tiros”, afirmou Elize ao magistrado.

De acordo com a bacharel, o esquartejamento ocorreu no quarto de hóspedes da cobertura do prédio onde o casal morava com a filha na capital paulista. Após cortar as partes do corpo, as colocou em três malas e as jogou em Cotia, na Grande São Paulo. Os pedaços foram encontrados sem as malas, embalados em sacos plásticos.
Luciano Santoro, advogado de Elize, sustenta que ela não teve a intenção de matar Marcos. De acordo com ele, sua cliente atirou uma vez contra a vítima após ser agredida verbalmente e fisicamente após uma discussão onde descobriu a traição do marido. O Ministério Público, responsável por denunciar a viúva à Justiça, discorda, acredita que a mulher premeditou o crime e o matou para ficar com seu dinheiro, do seguro e da herança.
Amante
Além de Elize, que confirmou em seu interrogatório em janeiro à Justiça que conheceu Marcos como garota de programa, a amante da vítima, Nathalia Vila Real Lima, também foi ouvida. Em seu depoimento, ela respondeu que já foi prostituta, mas que havia conhecido o executivo como modelo numa feira de eventos.

Nathalia relatou ainda que o casal brigava e Marcos aparecia com machucados pelo corpo que teriam sido praticados por Elize. Questionada pelo magistrado como era o seu relacionamento com o empresário, a modelo respondeu que era um “caso aleatório” e que Marcos a achava uma “garota divertida”. Mesmo assim, ela contou que os dois faziam planos para ficarem juntos porque Marcos queria se separar de Elize.
Fonte: G1.com