terça-feira, 11 de março de 2014

Justiça de SP nega pedido de isolamento para Marcola

MP quer transferir chefe de facção para regime disciplinar diferenciado.
Ele está detido no presídio de Presidente Venceslau, no interior do estado
A transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em um presídio paulista foi negada pela Justiça de São Paulo nesta sexta-feira (10). Cabe recurso contra a liminar.


Marcola é apontado apontado como chefe de uma facção criminosa comandada de dentro dos presídios de São Paulo. Ele está detido no presídio de Presidente Venceslau, no interior do estado.

A decisão do desembargador Péricles Piza foi tomada após avaliar pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) feito em outubro de 2013. À época foram divulgados detalhes de uma mega investigação do Ministério Público Estadual (MPE) sobre a facção.

O pedido para inclusão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), com até 22 horas de isolamento, já tinha sido negado em primeira instância. O MP recorreu e impetrou um mandado de segurança contra a decisão do juiz.Os promotores responsáveis pela investigação pediram a prisão preventiva de 175 integrantes do grupo, além da transferência de 35 presos para o Regime Disciplina Diferenciado (RDD). O trabalho do Ministério Público também mostrou a estrutura da facção, que estaria presente em 22 estados brasileiros e nos países vizinhos Paraguai e Bolívia.

Em liminar, o desembargador julgou improcedente a ação, alegando que a Promotoria não apresentou “vício ou ilegalidade para ser corrigida”. A solicitação ainda precisará ser avaliada pelo colegiado dos desembargadores, que decidirá o mérito do pedido.

Escutas revelam domínio da facção


A megainvestigação aponta que a cúpula da facção criminosa comanda das prisões o tráfico de drogas e armas, além de ordenar a morte de autoridades, inimigos e policiais. Os promotores também descobriram que 169 mil presos estão sob controle da facção; que o grupo criminoso atua em 90% dos presídios paulistas e que, fora dos presídios, a facção vende drogas e negocia compra de armas, e mata quem atrapalha seus planos.

As gravações comprovam que criminosos perigosos comandam, por telefone, uma facção de dentro da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 600 km da capital paulista. Segundo a Promotoria, os criminosos negociam drogas, financiam o crime organizado e matam quem atrapalha as atividades do grupo.

As polícias militar e civil já vinham se preparando para fazer prisões e transferir os chefes da facção criminosa. Entretanto, a Justiça negou todos os pedidos do MP, o que deixou promotores e a cúpula da segurança pública indignados. A denúncia causou mal-estar entre o Ministério Público e a Justiça.

Durante as investigações, o MP descobriu também que 106 PMs mortos no ano passado no estado foram vítimas das ações do grupo. A ordem para os assassinatos partiu também de dentro do presídio.