terça-feira, 11 de março de 2014

Traficantes do Complexo do Alemão usam WhatsApp para monitorar movimentação de policiais

Celular apreendido pela polícia com segurança do teleférico

Traficantes do Complexo do Alemão usam o WhatsApp, um aplicativo de mensagens gratuito, como canal de comunicação. A descoberta foi feita por agentes da 45ª DP (Alemão) durante operação para cumprir mandados de prisão da investigação sobre o ataque à delegacia, em 28 de janeiro. Um dos presos é Marcondes Gomes de Oliveira, que trabalha como segurança na estação Nova Brasília do teleférico do Alemão. Pouco antes de ser preso, Marcondes enviou, pelo aplicativo, a seguinte mensagem a um traficante: “Koé, fiel operação mano no morro todo”. O aparelho foi apreendido pelos policiais.

De acordo com as investigações da distrital, Marcondes tinha uma vida dupla: nos momentos em que não estava trabalhando numa empresa terceirizada que presta serviço para a SuperVia, ele monitorava a movimentação dos policiais e enviava alertas aos traficantes da favela. Como seu posto de trabalho era em frente à 45ª DP, ele também era responsável por cumprir ordens dos traficantes para dificultar o trabalho dos policiais.

Policiais realizam operação para cumprir mandados de prisão no Alemão.

Policiais realizam operação para cumprir mandados de prisão no Alemão. Foto: Bruno Gonzalez / Extra
Pouco antes do ataque, quando a delegacia foi alvo de disparos de fuzil e coquetéis molotov, Marcondes retirou uma escada do último andar da estação do teleférico, que fica acima da delegacia. A escada era usada pelos agentes durante a noite para monitorar a movimentação de traficantes no vale da região da Nova Brasília.

Segundo os agentes, também foi Marcondes quem comunicou ao dono da lanchonete Doce Lar a ordem do tráfico para que ele deixasse a favela. Desde então, ele fechou as portas do estabelecimento e não aparece em casa, na Fazendinha. A operação terminou com o cumprimento de seis mandados de prisão e um de busca e apreensão. Entre os presos, estão Kleyton Afonso, gerente da localidade conhecida como Chuveirinho, onde o PM Rodrigo Paes leme foi morto na semana passada.

Confira, na íntegra, entrevista do delegado da 45ª DP, Felipe Curi.

Quem foram os presos da operação de hoje?

O objetivo da operação de hoje era cumprir mandados de prisão decorrentes do inquérito sobre o ataque à delegacia e às bases da UPP. Graças ao nosso setor de inteligência, descobrimos que todos os ataques foram coordenados e ordenados pelo traficante Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D, que passou a chefiar o tráfico no Alemão depois da saída do Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. O 2D tem mandado de prisão pelo ataque e está foragido.

Entre os presos, há traficantes do alto escalão?

Sim, prendemos dois gerentes de dois pontos diferentes do complexo. O Felipinho e o Kleyton são elementos importantes na venda de drogas da Nova Brasília. Além disso, o César Silva Lira, que também foi preso, é um dos atiradores mais ativos da quadrilha e participou da morte de um policial civil dentro de um helicóptero durante operação no Morro do Adeus, em 2007. Ele estava preso e foi solto no ano passado. Todos os presos vão responder por associação para o tráfico.